
Quem viveu nos anos 70, 80 e 90 no Brasil certamente lembra de “Os Trapalhões”, aquele quarteto formado por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, que fez história na TV, no cinema e na cultura popular do país. Eles eram muito mais que comediantes; eram ícones que marcaram gerações, e até hoje têm uma legião de fãs espalhados por todo o Brasil. Mas o sucesso dos Trapalhões não ficou só na telinha ou na telona. Além dos programas e filmes, eles também invadiram o mundo dos brinquedos, álbuns de figurinhas e uma série de itens colecionáveis que, até hoje, despertam o interesse de colecionadores.
Os brinquedos dos Trapalhões eram uma febre entre as crianças. Durante os anos 80, era comum encontrar produtos baseados nos personagens, desde bonecos até jogos de tabuleiro. Um dos brinquedos mais famosos foi a linha de bonecos de vinil lançada pela Mimo em 1987. A coleção tinha os quatro integrantes do grupo em versões de bonecos, com trajes típicos que representavam as personalidades dos personagens. Esses brinquedos eram um sucesso de vendas e são até hoje objetos de desejo para os colecionadores. A raridade de encontrar essas peças em bom estado faz com que os valores dos bonecos originais da Mimo sejam altíssimos em leilões e mercados de colecionismo.
Além dos bonecos, outro destaque foi o jogo de tabuleiro “Trapalhões no Castelo de Greb”, lançado pela Estrela. No jogo, os participantes tinham que ajudar os personagens a escapar de um castelo cheio de armadilhas e monstros. Era uma aventura divertida que capturava o espírito trapalhão, com muito humor e situações engraçadas. Esse jogo é lembrado com carinho por muitos fãs e também se tornou um item raro. Encontrar uma edição completa e em bom estado é tarefa difícil hoje em dia.
Falando em colecionáveis, os álbuns de figurinhas dos Trapalhões eram um capítulo à parte. A Editora Abril, que dominava o mercado de álbuns naquela época, lançou várias edições ao longo dos anos. O álbum mais icônico, sem dúvida, foi o lançado em 1983, que trazia cenas dos programas de TV e fotos dos quatro trapalhões em diferentes esquetes. As figurinhas eram colecionáveis, e completar o álbum era o sonho de muitas crianças na época. O interessante é que o álbum também tinha figurinhas especiais e mais difíceis de conseguir, o que estimulava ainda mais as trocas e o colecionismo. Hoje, esses álbuns são raridades, e quem tem um exemplar completo e bem conservado está sentado sobre uma verdadeira relíquia do colecionismo brasileiro.
Outro item colecionável que marcou época foi a linha de gibis dos Trapalhões. Lançada pela Editora Bloch no final dos anos 70 e depois assumida pela Editora Abril nos anos 80, os quadrinhos eram divertidíssimos e traziam aventuras dos personagens em cenários diversos. Eram quadrinhos de humor, e cada edição trazia histórias novas, sempre no estilo trapalhão. Os gibis se tornaram tão populares que também são itens muito procurados por colecionadores hoje em dia.
Os filmes dos Trapalhões também geraram produtos licenciados, especialmente nos anos 80, quando o grupo lançou uma série de filmes de sucesso nos cinemas. Filmes como “Os Trapalhões na Serra Pelada”, “Os Trapalhões e o Mágico de Oroz” e “Os Trapalhões e a Arca de Noé” renderam não só brinquedos e figurinhas, mas também camisetas, mochilas, cadernos e uma infinidade de produtos que estampavam a imagem dos personagens. Para a criançada, ter um produto dos Trapalhões era sinônimo de status, e esses itens se espalhavam por todo o Brasil.
A popularidade dos Trapalhões era tão grande que eles também foram tema de produtos de fast-food. Na década de 80, o Bob’s, uma das maiores redes de fast-food do país, lançou uma linha de brindes dos Trapalhões em suas promoções. Esses brindes iam desde bonecos de plástico até jogos simples, como quebra-cabeças e figurinhas. Assim como os brinquedos de outras franquias, esses brindes se tornaram itens cobiçados, e hoje muitos colecionadores ainda procuram essas peças para completar suas coleções.
Claro, com todo esse sucesso, não poderiam faltar as polêmicas. Os Trapalhões sempre foram conhecidos pelo humor afiado e muitas vezes polêmico. Na época, as piadas sobre estereótipos, que envolviam principalmente Mussum e Zacarias, eram vistas com naturalidade, mas, hoje em dia, muitas dessas piadas são vistas de maneira crítica. A representação de personagens negros e nordestinos, por exemplo, foi alvo de críticas nos últimos anos, especialmente à luz das discussões sobre racismo e discriminação. Apesar dessas polêmicas, muitos fãs defendem que o humor dos Trapalhões era reflexo de uma época e que o grupo também soube evoluir com o tempo, mantendo o carisma e a conexão com o público.
O impacto dos Trapalhões foi tão grande que, mesmo após a saída de Mussum e Zacarias, por conta do falecimento dos dois, o grupo continuou, mas nunca com a mesma força. Em 2017, houve uma tentativa de revitalizar o programa com novos integrantes, como o “Novo Trapalhões”, mas o sucesso não foi o mesmo. Mesmo assim, a legião de fãs continua fiel, e os produtos relacionados ao grupo ainda são muito valorizados no mercado de colecionismo.
Falando em mercado de colecionadores, a busca por itens relacionados aos Trapalhões é intensa. Nos dias de hoje, álbuns de figurinhas completos, brinquedos originais, bonecos e até mesmo os antigos gibis podem alcançar preços altos em sites de leilão e grupos de colecionismo. Há fãs que fazem verdadeiras peregrinações para achar itens raros e completar suas coleções. Algumas peças, como os bonecos lançados pela Mimo ou os álbuns de figurinhas da década de 80, podem custar centenas de reais, dependendo do estado de conservação.
No final das contas, Os Trapalhões foram mais do que um fenômeno da TV e do cinema brasileiro. Eles foram ícones que conquistaram várias gerações e deixaram um legado de humor e entretenimento. Os brinquedos, álbuns e colecionáveis que surgiram nessa época são, até hoje, uma prova do impacto que o grupo teve na cultura pop brasileira. Para os fãs e colecionadores, ter um item dos Trapalhões não é só ter um pedaço de plástico ou papel — é ter em mãos um pedacinho da nostalgia de uma época em que Didi, Dedé, Mussum e Zacarias faziam o Brasil inteiro rir.