Os álbuns de figurinhas fazem parte da infância de muita gente no Brasil e até hoje continuam a fazer sucesso entre diferentes gerações. Não tem como falar de colecionismo no país sem lembrar daqueles momentos em que a gente corria para a banca de jornal para comprar pacotinhos e torcer para não vir figurinha repetida. Trocar figurinhas na escola, na rua ou em casa com os amigos e parentes faz parte de uma verdadeira tradição que começou há décadas e se mantém firme até hoje.
A história dos álbuns de figurinhas no Brasil começou lá nos anos 30, mas foi nas décadas de 50 e 60 que a febre realmente pegou. Um dos primeiros álbuns que bombaram no país foi o “História do Brasil em Figurinhas”, lançado pela Editora Vecchi na década de 50. Esse álbum trazia ilustrações que contavam a história do país de uma maneira divertida e educativa. Era uma novidade, já que, até então, os álbuns de figurinhas no Brasil não tinham um foco tão definido. Esse lançamento ajudou a consolidar a ideia de que colecionar figurinhas podia ser não só um passatempo, mas também uma forma de aprender.
Mas se teve uma época em que o negócio realmente estourou, foi nos anos 70 e 80. A Editora Abril, por exemplo, lançou álbuns que marcaram a história. Um dos mais famosos foi o do Roberto Carlos, lançado em 1974. Naquela época, o cantor já era um ídolo nacional, e o álbum trazia figurinhas com fotos das várias fases da carreira do “Rei”. Esse álbum virou uma verdadeira febre, principalmente entre os fãs do cantor, que faziam de tudo para completar a coleção.
Nessa mesma linha de celebridades, ainda nos anos 70, a Editora Abril lançou álbuns de figurinhas de outros artistas e programas de TV, como o Didi Mocó, dos Trapalhões, e o Chacrinha, duas personalidades que estavam super em alta na época. Era comum ver álbuns baseados em programas de TV, já que a televisão começava a dominar a casa dos brasileiros e servia de inspiração para diversos produtos.
Se teve um tema que virou sinônimo de álbum de figurinhas no Brasil, foi o futebol. Não dá pra falar sobre o assunto sem lembrar da tradição dos álbuns de Copa do Mundo, que começaram a aparecer por aqui nas décadas de 70 e 80. O primeiro álbum de Copa do Mundo da Panini, que é até hoje uma das maiores editoras de figurinhas no mundo, chegou ao Brasil em 1970. Esse álbum trazia os grandes craques da época, como Pelé, Jairzinho e Gerson. Foi o pontapé inicial de uma tradição que continua até hoje e cresce a cada quatro anos, sempre com o lançamento de uma nova edição para celebrar a Copa.
Os álbuns de Copa do Mundo são, sem dúvida, os mais icônicos. Em 1986, com a Copa do México, o álbum já era febre nacional e, desde então, é praticamente uma regra entre colecionadores tentar completar o álbum durante o campeonato. Nas últimas edições da Copa, o Brasil tem sido um dos maiores mercados consumidores de figurinhas do mundo, com milhões de pacotinhos vendidos em um período curto de tempo.
E não é só no futebol que os álbuns de figurinhas se destacaram. Na década de 80, o sucesso dos álbuns de desenhos animados e séries de TV também foi enorme. Quem não lembra do álbum do He-Man, lançado pela Editora Abril em 1984? O desenho era febre entre as crianças, e o álbum trazia figurinhas com cenas da animação que conquistou o Brasil. Nesse mesmo período, álbuns de outros desenhos famosos como Thundercats, Caverna do Dragão e Transformers também fizeram muito sucesso. A molecada ficava doida para completar os álbuns e, claro, trocar as figurinhas repetidas no recreio.
Nos anos 90, os álbuns baseados em franquias internacionais continuaram a crescer. O álbum do Cavaleiros do Zodíaco, lançado pela Panini em 1994, foi outro sucesso estrondoso. A série japonesa era um fenômeno no Brasil, e o álbum rapidamente se tornou um dos mais cobiçados da época. Assim como a coleção do Dragon Ball Z, lançada alguns anos depois, que também marcou gerações.
E quando se fala de álbum de figurinhas no Brasil, não dá para esquecer do álbum do Pokémon, lançado pela Abril em 1999. Essa coleção se tornou uma febre, com crianças e adolescentes trocando figurinhas dos monstrinhos de bolso em todos os cantos. Com mais de 200 figurinhas para colecionar, o álbum virou item obrigatório entre os fãs da franquia, e até hoje é lembrado com carinho pelos colecionadores.
Outro destaque que fez história foram os álbuns de filmes, especialmente os da Disney. O álbum de Rei Leão (1994) é, sem dúvida, um dos mais lembrados até hoje. Lançado em parceria com a Panini, ele trazia cenas icônicas do filme e foi um verdadeiro sucesso. As animações da Disney sempre garantiram coleções incríveis de figurinhas que cativaram crianças e adultos.
Mas não foram só sucessos. Houve também algumas coleções que passaram por polêmicas, como o álbum da Copa de 2014. Durante o lançamento, houve uma alta no preço dos pacotinhos, o que gerou críticas dos colecionadores. Além disso, nessa mesma época, muitas pessoas apontaram o lado problemático do colecionismo desenfreado, já que a busca por completar o álbum exigia um investimento cada vez maior. A verdade é que, com o tempo, as figurinhas passaram a custar mais caro, e completar um álbum, especialmente de Copa do Mundo, se tornou um hobby mais difícil para muita gente.
Falando em colecionadores, tem uma galera que leva isso muito a sério. Existem grupos de troca de figurinhas, comunidades online e até eventos onde os colecionadores se reúnem para negociar figurinhas faltantes ou completar seus álbuns. Para alguns, o colecionismo de figurinhas se tornou uma verdadeira paixão, com gente que mantém álbuns completos de várias edições e cuida deles como verdadeiras relíquias.
Além dos colecionadores mais antigos, que guardam com carinho seus álbuns dos anos 70 e 80, as novas gerações também estão entrando na onda. Hoje, com a internet, fica mais fácil achar aquela figurinha difícil ou até mesmo comprar álbuns antigos para completar coleções. É comum ver álbuns antigos sendo vendidos em plataformas de comércio online por preços bem altos, especialmente os que estão em bom estado e ainda com figurinhas.
A Panini, que domina o mercado de álbuns de figurinhas no Brasil, continua inovando. Nos últimos anos, ela tem lançado álbuns temáticos não só de futebol, mas também de filmes e séries atuais, como Vingadores e Stranger Things. Isso mostra que, mesmo com a modernização e o avanço dos videogames e da tecnologia, o amor pelos álbuns de figurinhas ainda resiste.
Com mais de 80 anos de história, os álbuns de figurinhas se mantêm vivos e continuam sendo uma parte importante da cultura pop no Brasil. Seja para relembrar a infância, colecionar novos lançamentos ou simplesmente reviver aquela sensação de abrir um pacotinho na esperança de achar a figurinha que falta, o colecionismo de álbuns é uma paixão que atravessa gerações. E, pelo jeito, essa tradição ainda tem muita figurinha pra colar no futuro.