A ATMA foi uma marca que marcou época no Brasil, especialmente nas décadas de 60 e 70, produzindo uma série de brinquedos que ainda vivem na memória afetiva de muita gente. Quem cresceu nesse período, certamente teve ou viu algum brinquedo da ATMA, já que a marca foi uma das grandes responsáveis por trazer inovação e criatividade ao mercado de brinquedos do país. Embora a ATMA tenha desaparecido das prateleiras há algum tempo, o legado dela continua vivo na coleção de muitos entusiastas e no coração daqueles que viveram a era de ouro dos brinquedos.
A empresa começou suas atividades em 1947, ainda na cidade de São Paulo, e no início não fabricava brinquedos. A ATMA era uma indústria metalúrgica, e seu foco principal eram produtos utilitários e ferramentas. Mas, como aconteceu com outras empresas do setor, ela acabou se diversificando, e nos anos 60 passou a investir no mercado de brinquedos. Foi uma transição natural, já que a empresa tinha know-how para produzir objetos com materiais como metal e plástico, os quais estavam começando a se tornar os principais componentes dos brinquedos modernos.
A chegada da ATMA ao mundo dos brinquedos coincidiu com uma grande mudança no estilo de vida das crianças da época. A televisão já fazia parte das casas de muitas famílias, e as séries e desenhos animados começaram a influenciar fortemente o mercado de brinquedos. A ATMA soube surfar essa onda com muita competência, criando brinquedos que se conectavam diretamente com as tendências e gostos do público infantil, algo inovador para os padrões da época.
Um dos brinquedos mais famosos lançados pela ATMA foi a linha de carrinhos de metal. Esses carrinhos de brinquedo, feitos com uma qualidade impressionante, se destacavam pelo capricho nos detalhes e pela durabilidade. Na época, não existiam muitos brinquedos de metal no mercado brasileiro, e a ATMA conquistou um público fiel ao oferecer produtos que eram praticamente indestrutíveis, enquanto muitos brinquedos feitos de plástico ou materiais mais frágeis quebravam com facilidade. A linha de carrinhos incluía modelos que imitavam os carros da vida real, desde veículos populares até caminhões e ônibus. Isso fazia com que as crianças se identificassem com os brinquedos, já que era comum ver nas ruas os mesmos modelos que elas tinham em casa.
Outro grande sucesso da ATMA foi a produção de trenzinhos elétricos, um brinquedo que virou mania no Brasil nos anos 70. O trem elétrico era composto por trilhos que podiam ser montados de diferentes formas, com uma locomotiva e vagões que corriam sobre eles, tudo controlado por um pequeno painel com alavancas e botões. Esse tipo de brinquedo fascinava as crianças por ser interativo e dar a sensação de controlar uma verdadeira máquina. A ATMA fez um excelente trabalho ao popularizar os trenzinhos no Brasil, e muitas pessoas ainda lembram com carinho das tardes passadas montando e desmontando trilhos no chão da sala.
Além disso, a ATMA produziu também outros tipos de brinquedos, como jogos de tabuleiro, quebra-cabeças e brinquedos educativos. Um dos pontos fortes da empresa era sua capacidade de diversificação, algo essencial em um mercado onde a concorrência começava a aumentar. Muitas vezes, a ATMA trazia brinquedos que tinham um apelo tanto para meninos quanto para meninas, sempre procurando criar produtos que estimulassem a imaginação e o desenvolvimento das crianças.
Vale destacar que, durante as décadas de 60 e 70, o Brasil ainda vivia sob uma política de reserva de mercado, o que dificultava a entrada de brinquedos importados. Isso deu um impulso para marcas como a ATMA, que tinham espaço para inovar e conquistar os consumidores brasileiros sem a pressão de grandes fabricantes estrangeiros. No entanto, essa mesma política também forçava as empresas nacionais a serem criativas na hora de competir entre si, e foi isso que ajudou a ATMA a se destacar em um cenário que, aos poucos, começava a ficar mais concorrido.
Nos anos 70, a ATMA lançou uma série de brinquedos inspirados em personagens de desenhos animados e séries de TV. Um dos maiores sucessos foi a linha de brinquedos do Zorro, que fazia muito sucesso na televisão brasileira. A ATMA lançou figuras de ação e acessórios que permitiam às crianças encenarem suas próprias aventuras do herói mascarado, o que fez desses produtos um verdadeiro fenômeno de vendas.
Com o passar dos anos, a ATMA também começou a sentir a pressão de novas tecnologias e mudanças no mercado. Na década de 80, o mercado de brinquedos passou por uma verdadeira revolução com a chegada dos videogames e dos brinquedos eletrônicos. A ATMA, que era mais conhecida por seus brinquedos de estilo clássico e mecânico, encontrou dificuldades para competir com essa nova tendência. Enquanto empresas como a Estrela e a Tectoy se adaptavam ao novo cenário e traziam brinquedos com componentes eletrônicos e interatividade digital, a ATMA manteve-se mais focada em sua linha tradicional, o que acabou limitando seu alcance.
O declínio da ATMA foi gradual, e a empresa acabou fechando suas portas nos anos 90. Embora tenha deixado de existir como uma fabricante de brinquedos, sua contribuição para a infância de muitas gerações é inegável. Os brinquedos da ATMA são até hoje itens cobiçados por colecionadores, especialmente aqueles que buscam peças em bom estado dos carrinhos de metal ou dos trenzinhos elétricos. Esses itens, por sua qualidade e pela nostalgia que carregam, são frequentemente encontrados em feiras de colecionadores, e alguns deles chegam a alcançar preços bastante elevados.
Hoje, falar da ATMA é relembrar um período em que os brinquedos eram pensados para durar. Era uma época em que os brinquedos eram passados de irmão para irmão, resistindo a anos de uso sem perder o encanto. A marca ATMA pode ter desaparecido das prateleiras, mas na memória de quem cresceu com seus produtos, ela continua viva.