
O Rambo é um daqueles personagens que praticamente todo mundo conhece, mesmo que nunca tenha assistido aos filmes. Símbolo dos anos 80, ele é a personificação do herói de ação, sempre enfrentando inimigos em missões impossíveis com uma combinação de força bruta e coração. O sucesso de John Rambo, interpretado por Sylvester Stallone, foi tão grande que ele deixou a tela do cinema e acabou invadindo os desenhos animados, brinquedos e uma série de outros produtos. E tudo isso virou uma febre entre a molecada, principalmente na época em que os filmes de ação dominavam as tardes de cinema e a TV.
A história do personagem começa no cinema, com o lançamento de “Rambo: Programado para Matar” (First Blood) em 1982. Nesse primeiro filme, a trama é mais focada em drama e ação moderada, mostrando John Rambo como um veterano da Guerra do Vietnã que enfrenta problemas para se reintegrar à sociedade. Ele acaba em conflito com a polícia de uma pequena cidade e, no estilo clássico, precisa usar suas habilidades de sobrevivência para se defender. A figura de um soldado solitário e traumatizado acabou se conectando com o público, e Rambo se tornou uma espécie de anti-herói. Vale lembrar que esse filme é bem diferente do que viria depois, com mais foco no psicológico do personagem.
Mas foi com o segundo filme, “Rambo II: A Missão” (Rambo: First Blood Part II), de 1985, que o personagem se tornou o verdadeiro ícone dos filmes de ação. Agora, Rambo é enviado de volta ao Vietnã numa missão para resgatar prisioneiros de guerra. O longa traz aquela fórmula dos filmes de ação dos anos 80: tiros, explosões e o herói invencível lutando contra todo um exército. Esse filme elevou Rambo ao status de lenda e fez com que ele virasse uma febre mundial. A imagem do soldado com a faixa vermelha na cabeça e segurando uma metralhadora virou um símbolo.
O sucesso foi tão grande que logo começaram a surgir produtos inspirados no personagem, incluindo brinquedos que marcaram a infância de muita gente. Um dos mais populares foi a linha de bonecos do Rambo, lançada pela Coleco em 1986. A coleção era baseada na série animada chamada “Rambo: A Força da Liberdade” (Rambo: The Force of Freedom), que estreou também em 1986. Essa série animada era uma versão muito mais “light” do Rambo dos filmes, adaptada para um público infantil. Nela, Rambo lidera um grupo de heróis em missões ao redor do mundo, combatendo a organização terrorista S.A.V.A.G.E, comandada pelo vilão General Warhawk. Embora a série tenha sido curta, com apenas uma temporada de 65 episódios, foi o suficiente para cativar a garotada e gerar uma linha de brinquedos.
Os bonecos da Coleco eram grandes, com cerca de 18 cm de altura, e traziam Rambo e seus companheiros em várias versões de combate, equipados com armas e acessórios. Esses bonecos vinham com metralhadoras, facões, mochilas e até arcos e flechas — as armas icônicas do personagem. Além disso, a linha contava com vilões como o General Warhawk e outros membros da S.A.V.A.G.E., e veículos de combate que incluíam helicópteros, jipes e até tanques de guerra. A qualidade dos brinquedos era boa para a época, e o sucesso foi tanto que rapidamente se tornaram itens de desejo entre as crianças, que recriavam as batalhas vistas nos episódios do desenho.
Ainda nos anos 80, a marca Glasslite, no Brasil, também lançou uma série de brinquedos do Rambo, aproveitando o sucesso dos filmes e do desenho animado por aqui. A Glasslite era uma fabricante muito popular no país, conhecida por trazer diversas linhas internacionais, e com o Rambo não foi diferente. Os brinquedos da Glasslite tinham um apelo forte por conta do filme e do desenho, com bonecos articulados e bem detalhados para os padrões da época. Esses brinquedos incluíam não apenas o próprio Rambo, mas também vários acessórios de combate, como facões, metralhadoras e até veículos de guerra em menor escala.
Os brinquedos da linha Rambo foram um verdadeiro sucesso, mas o legado do personagem também passou por outras mídias. Além do desenho animado, Rambo virou videogame, com lançamentos em plataformas como o Nintendo e o Sega Master System. Esses jogos geralmente seguiam o estilo de ação, com o jogador assumindo o papel de Rambo e enfrentando hordas de inimigos em missões inspiradas nos filmes. Embora os gráficos fossem simples, o apelo estava no fato de que, pela primeira vez, os fãs podiam controlar o herói nos consoles de casa.
A febre do Rambo se estendeu por toda a década de 80 e começo dos anos 90, com novos lançamentos de filmes, como “Rambo III” (1988), onde o personagem se envolve em uma missão no Afeganistão para resgatar seu mentor, Coronel Trautman. Com mais cenas de ação, explosões ainda maiores e inimigos poderosos, o filme manteve o personagem no topo das bilheterias e alimentou a venda de brinquedos, roupas, quadrinhos e uma infinidade de outros produtos licenciados.
Apesar de o último filme da franquia nos anos 80, “Rambo III”, ter sido lançado em 1988, a popularidade do personagem continuou viva. Tanto é que, nos anos 2000, Sylvester Stallone voltou ao papel em “Rambo IV” (2008), e mais recentemente em “Rambo: Até o Fim” (2019), mostrando que o personagem ainda tinha força para atrair o público.
O interessante é que o Rambo não era só mais um personagem de ação; ele se tornou um verdadeiro símbolo da cultura pop dos anos 80. Seu impacto foi tão grande que transcendeu o cinema, chegando ao ponto de se tornar parte do imaginário infantil através do desenho animado e dos brinquedos, algo que muitos outros personagens de ação não conseguiram fazer com a mesma intensidade.
Então, se você viveu essa época ou se interessa por colecionismo, certamente deve lembrar ou já viu algum desses bonecos do Rambo. Hoje, muitos desses brinquedos são altamente procurados por colecionadores, e as linhas da Coleco e da Glasslite, em especial, são itens raros e bastante valorizados. É incrível ver como um personagem originalmente voltado para o público adulto conseguiu, de maneira tão natural, se transformar em um ícone também para as crianças, marcando uma geração inteira.